domingo, 30 de setembro de 2012

Frases

“É melhor investir quinze ou vinte dólares, hoje, comprando uma Bíblia, do que gastar cem ou cento e cinqüenta dólares por hora, no escritório de um psiquiatra amanhã.” Andrew Young, colaborador do Dr. Martin Luther King

“O maior presente que Deus deu ao homem foi a Bíblia e a pureza das suas palavras” Abraham Lincoln
“A Bíblia e a sua leitura é a razão da supremacia do reino britânico.” Rainha Elizabeth da Inglaterra
“Eu sou o caminho, a verdade e a vida” Jesus Cristo – Mateus 14.6
“Ainda não encontrei a verdade!” Maomé, disse nos últimos dos seus dias de vida
“Que é a verdade?” Buda, disse no final de sua vida
“Se eu a coloco abaixo de todos os livros, ela é a que mantém todos eles, se eu a coloco no meio dos outros livros, ela é a coração desses livros, e se eu a coloco em cima dos outros livros, ela é a cabeça e autoridade de todos os livros em minha biblioteca” disse Rui Barbosa sobre a Bíblia

Por que a mulher de Lo virou coluna de sal?



A Bíblia não diz como a mulher de Ló virou uma estátua de sal, mas diz por que isso aconteceu: ela desobedeceu uma ordem dada por Deus e olhou saudosa para a Sodoma que tanto amou. Obviamente não havia lugar para ela nos planos de Deus, porque seu coração estava naquilo que Deus havia condenado ao fogo.

Algumas traduções trazem "coluna de sal", e mesmo a palavra "sal" pode ser traduzida como outra substância em pó. Uma coluna geralmente é um marco (como fazemos com colunas, obeliscos, bustos e estátuas hoje) para lembrar alguém ou alguma façanha histórica. Acredito até que Deus tenha feito isso com a mulher de Ló para que ficasse como testemunho para muitas gerações do que acontece com quem olha para trás ao invés de obedecer a um simples comando de Deus. Alguns escritores antigos dão conta de uma coluna que seria a mulher de Ló e que permaneceu por muitos séculos visível aos viajantes da região.

O Senhor Jesus faz referência ao que aconteceu com ela quando fala da grande tribulação que irá ocorrer. Os judeus nessa época deverão fugir sem olhar para trás, pois o juízo que cairá sobre a terra de Israel sera grande (isso acontecerá antes do início do reino milenial de Cristo).

Lc 17:31-33 "Naquele dia, quem estiver no telhado de sua casa, não deve desça para apanhar os seus bens dentro de casa. Semelhantemente, quem estiver no campo, não deve voltar atrás por coisa alguma. Lembrem-se da mulher de Ló! Quem tentar conservar a sua vida a perderá, e quem perder a sua vida a preservará".

Resumindo, creio que o que Deus fez com a mulher de Ló foi erigir um "monumento à desobediência" para que outros vissem e não caíssem no mesmo erro. Rejeitar a salvação de Deus é algo sério.

Rm 11:22 "Considera, pois, a bondade e a severidade de Deus: para com os que caíram, severidade; mas para contigo, benignidade, se permaneceres na sua benignidade"

Fp 3:13-14 "mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim, Prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus".

A Beleza de Jesus Cristo

C.I. Scofield

Em Cantares 5.16 lemos: "...ele é totalmente desejável". Isso não pode ser dito a respeito de nenhum outro a não ser de Jesus Cristo. Qualquer outra grandeza é corrompida por pequenez, qualquer outra sabedoria é arrasada por tolice, qualquer outra bondade vem maculada por imperfeição. Jesus Cristo é o único do qual se pode afirmar que nEle tudo é amável e belo.

Sua beleza reside em Sua perfeita humanidade. Ele se identificou conosco em tudo, exceto com nosso pecado e com nossa natureza má. Ele teve de crescer fisicamente – como nós – mas Ele também cresceu na graça. Ele trabalhou, chorou, orou e amou. Em todas as coisas Ele foi tentado como nós – mas permaneceu sem pecado.
Como Filho de Deus, Ele entra em nossa vida no século XX de maneira tão simples e natural como se tivesse morado em nossa rua. Ele é um dos nossos em tudo. Ele entra em uma vida cheia de pecado assim como um rio limpo e transparente lança suas águas em um lago parado.

 O rio não teme a contaminação, é ele que limpa o lago com sua força.
Cristo também possui perfeita compaixão. Pensemos apenas no "rebanho sem pastor" ou na viúva enlutada de Naim. Será que alguma vez você viu Jesus procurando pessoas que "mereciam" que Ele se compadecesse delas? Dele está escrito simplesmente que: "... compadeceu-se dela e curou os seus enfermos" (Mt 14.14b). Que glória reside em sua misericórdia! Naquela época significava contaminação a aproximação com os pobres leprosos, mas o contato com a mão de Jesus os curava e purificava.

perfeita humildade de Jesus Cristo é extremamente amável. Ele, o único que poderia ter escolhido como desejava nascer, entrou nesta vida como um dentre muitos. Ele disse: "...no meio de vós, eu sou como quem serve" (Lc 22.27b), e está escrito que Ele "deitou água na bacia e passou a lavar os pés aos discípulos e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido" (Jo 13.5). E também está escrito que Ele "quando ultrajado, não revidava com ultraje" (1 Pe 2.23).

Jesus Cristo também possui perfeita mansidão. Como Ele é meigo, mas também fiel, altruísta e devotado. Quando falou com a mulher calada, desesperada, depois que os seus acusadores foram se retirando um por um, toda a Sua amável mansidão se mostrou.
Até na hora da Sua morte, Ele ouviu o clamor de uma fé em desespero. Antigamente, quando os vencedores voltavam das guerras, traziam seus prisioneiros mais importantes como troféus de vitória. Para Jesus Cristo foi suficiente chegar ao céu trazendo a alma de um ladrão.

Finalmente, olhemos para Seu perfeito equilíbrio interior. Ainda poderíamos falar muito sobre Sua dignidade, sua varonilidade, sobre Sua coragem. Nele se unem traços de um caráter perfeito e formam um equilíbrio maravilhoso. Sua mansidão nunca é delicada demais, sua coragem jamais é bruta.
Ele não é totalmente desejável? Você quer aceitá-lO como Salvador pessoal e igualmente descobrir Sua glória? Ele próprio disse: "Em verdade, em verdade vos digo: quem crê em mim tem a vida eterna" (Jo 6.47).


O Homem Que é Deus

O Homem: No Natal surgiu em meio à história mundial um homem totalmente integrado nela, mas em muito superior a ela: Jesus Cristo. Ele é inteiramente diferente, singular. Movimentou o mundo como ninguém antes ou depois dEle. A Encyclopaedia Britannica utiliza 20.000 palavras para descrever a pessoa de Jesus. Sua descrição ocupa mais espaço que as biografias de Aristóteles, Cícero, Alexandre Magno, Júlio César, Buda, Confúcio, Maomé ou Napoleão Bonaparte.

 O homem Jesus tornou-se o maior tema da história mundial. Sobre nenhum outro se escreveu mais do que sobre Ele. A respeito de ninguém se discutiu tanto quanto sobre Jesus. Ninguém foi mais odiado, mas também mais amado; combatido, mas também mais louvado. Sobre nenhum outro foram feitas tantas obras de arte, hinos, poemas, discursos, e compêndios do que sobre Cristo. Diante dEle dividem-se as opiniões – uns gostariam de amaldiçoá-lO, outros testemunham que sua vida foi radicalmente mudada por Jesus e enchida de esperança. Não é possível imaginar a história humana sem Jesus.

 Na época do Natal, milhões comemoram Seu nascimento consciente ou inconscientemente. Na Páscoa, lembra-se da Sua morte e ressurreição; na Ascensão, da Sua volta para Deus; e no dia de Pentecostes do nascimento da igreja que leva Seu nome, a igreja cristã. – Será que Ele é mais que um homem
O Deus-Homem: A Bíblia diz que Cristo é, ao mesmo tempo e literalmente, verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Lemos em 1 Timóteo 3.16: “Evidentemente, grande é o mistério da piedade: Aquele [Deus] que foi manifestado na carne...” E em 2 Coríntios 5.19 está escrito: “a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo...” A vida terrena de Jesus nos mostra que Ele foi ao mesmo tempo verdadeiro homem, mas continuou também verdadeiro Deus. Percebemos muitos contrastes em Sua vida, tanto provas da Sua inteira humanidade, como da Sua perfeita divindade.

 Por exemplo, Ele sentia cansaço, mas ao mesmo tempo podia chamar para Si os cansados e dar-lhes a paz (João 4.6; Mateus 11.28). Jesus teve fome, mas era o próprio pão da vida (Mateus 4.2; João 6.35). Cristo teve sede, sendo ao mesmo tempo a água viva (João 19.28; João 7.37). Ele enfrentou a agonia da morte, mas curou todos os tipos de doenças e aliviou qualquer dor. Jesus foi tentado pelo diabo, mas expulsou demônios (Lucas 4.2; Mateus 8.31). Ele vivia no tempo e no espaço, mas era desde a eternidade (João 8.58). Jesus disse: “...o Pai é maior do que eu”, e também: “Eu e o Pai somos um”, ou: “Quem me vê a mim vê o Pai” (João 14.28; João 10.30; João 14.9).

 Ele mesmo orava, como também respondia às orações (Lucas 6.12; Atos 10.31). Ele derramou lágrimas junto à sepultura de Lázaro, mas tinha o poder para ressuscitá-lo (João 11.35,43). Ele morreu, mas é a vida eterna – Jesus é o homem perfeito de Deus e o Deus perfeito dos homens.

Por que Deus tornou-se Homem? Ele veio para revelar Deus a nós. Em Jesus Cristo, Deus se manifestou da forma mais clara. Ele é a prova de que Deus não se afasta do pecador, mas se volta para ele e ama todos os homens. Jesus veio para convencer este mundo de sua pecaminosidade e necessidade de redenção. Ele veio para morrer, como homem sem pecado, pelo pecado dos homens, para se entregar como sacrifício por eles, por uma humanidade que tinha caído através do primeiro homem, 

Adão. Agora, os homens podem ser salvos por Ele. Por isso, Jesus é chamado também de “último Adão” (1 Coríntios 15.45). Ele veio para destruir as obras do diabo, para tirar o poder da morte e para vencer o pecado. Tornar-se homem em Jesus foi a única possibilidade de Deus resgatar um mundo perdido: “Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele” (João 3.17).
Ele voltará: Jesus voltará como era (Atos 1.11). Do modo como foi e subiu ao céu, no mesmo corpo, mas glorificado, Ele retornará. Jesus, o homem que é Deus, o filho de Maria, a criancinha de Belém, o jovem de Nazaré, o Mestre da Judéia que curava, o homem do Calvário, voltará como Rei da glória e como Senhor dos senhores.
Muitos homens, conquistadores, reis e ditadores, já quiseram ser deuses, mas todos fizeram o sangue de homens ser derramado por eles.

 O imperador romano Augusto (sublime), que conhecemos da história do Natal, fazia-se chamar de “kyrios” (senhor) e até de “soter” (salvador). Mas o Deus que se tornou homem deu Seu sangue por este mundo. Por isso, somente Ele é o Salvador, que diz também a você: “...quem crê no Filho tem a vida eterna...” (João 3.36). No homem perfeito Jesus, Deus torna perfeito a todo que O aceita em seu coração –



Enfrentando o Leão

Um terrível brado penetra o acampamento. Os nativos aterrorizados gritam: ‘Tomem cuidado, irmãos, o diabo está chegando!’. Porém, o clamor do aviso não ajudará em nada e, mais cedo ou mais tarde, gritos agudos e agonizantes quebrarão o silêncio, e outro homem não responderá à lista de chamada na manhã seguinte.[1]

Era março de 1898 e o estudante de engenharia John Henry Patterson, de 31 anos, estava no Quênia para construir uma ponte ferroviária sobre o rio Tsavo. Logo após a sua chegada, dois cruéis leões devoradores de homens começaram a aterrorizá-lo e a seus trabalhadores. Patterson escreveu em seu diário: “Nada os perturba ou assusta, e eles mostram um completo desprezo por seres humanos, exceto como alimento”.[2]

Essas feras eram tão perspicazes que os trabalhadores nativos começaram a acreditar que realmente eram o Diabo no corpo de leões. Até serem mortos, tinham devorado cerca de 140 trabalhadores.
As Escrituras alertam que Satanás, como um leão, também é um predador que ataca incansavelmente suas vítimas. O apóstolo Pedro, que aprendeu por experiência própria o que é ser usado pelo Diabo, avisou: “Sede sóbrios e vigilantes. O Diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar” (1 Pe 5.8, cf. Mt 16.23).

Vencer Satanás requer vigilância diária, a cada momento. Uma vida de fé em Jesus Cristo é uma vida de implacável conflito espiritual. Se você falhar em equipar-se para ele, colherá as conseqüências. O alvo de Satanás é devastar a humanidade; mas, ainda mais, aniquilar a vida dos cristãos.
Portanto, os cristãos precisam aprender e usar três princípios essenciais para posicionar-se contra o Maligno: todo cristão precisa (1) manter uma posição firme no conflito, (2) empregar a proteção apropriada para o conflito, e (3) sempre manter uma perspectiva correta do conflito.

Uma Posição Firme

Os leões de Tsavo eram os reis de sua própria terra. Eles enfrentavam qualquer um. As Escrituras chamam Satanás de “o príncipe deste mundo” e “o deus deste século” (Jo 12.31; 2 Co 4.4). Porém, o seu reino está sujeito à vontade de Deus (Jó 1.12). Com isso em mente, a primeira lição na luta é aprender tudo o que você pode sobre seu inimigo: “Nem deis lugar ao Diabo...”; “...para que Satanás não alcance vantagem sobre nós, pois não lhe ignoramos os desígnios” (Ef 4.27, 2 Co 2.11).
Infelizmente, muitos cristãos são ignorantes, principalmente na doutrina bíblica.

 Como os leões, Satanás e seus demônios rondam procurando oportunidades de espalhar idéias falsas. A maior defesa é estudar, conhecer e praticar a Palavra de Deus diariamente. Jesus disse: “Se vós permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (Jo 8.31-32). Satanás é um mentiroso (Jo 8.44). O segredo é avaliar todas as coisas pela Palavra de Deus.

Foi uma visão terrível encontrar restos repulsivos dos trabalhadores que haviam sido atacados pelos leões de Tsavo. Patterson prometeu eliminar os leões do local e terminar a sua ponte. Os cristãos precisam ter a mesma resolução e permanecer firmes contra Satanás. Primeiro, ter certeza em seu coração de que o Senhor Jesus verdadeiramente é o seu Salvador pessoal (Jo 3.16). Confesse todos os pecados conhecidos (1 Jo 1.9). Deseje, com a ajuda de Deus, abandonar a prática habitual de todo pecado (Pv 28.13). E, finalmente, renda sua vida e tudo o que você tem a Deus: “Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao Diabo, e ele fugirá de vós” (Tg 4.7).

A Proteção Adequada

“Porque, embora andando na carne, não militamos segundo a carne. Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas...” (2 Co 10.3-4).
John Patterson caçou os leões usando um rifle inglês de calibre .303 bolt-action e uma espingarda de caça calibre 12. Ele os avistou diversas vezes, e até os surpreendeu em uma ocasião. Mesmo assim, eles escaparam. Em desespero, ele sabia que precisava usar todo o seu treinamento e sua habilidade com armas para ser capaz de matá-los.
Nós, também, precisamos usar armas específicas contra Satanás. Apesar de diferentes, elas requerem prática e habilidade para serem usadas competentemente:

“Porque, embora andando na carne, não militamos segundo a carne. Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas...” (2 Co 10.3-4).

Nossa armadura de guerra encontra-se em Efésios 6.11-18. A imagem usada é a de um valente soldado romano. Para prevalecer contra o Maligno, os cristãos precisam, necessariamente, vestir “toda a armadura de Deus” (Ef 6.11):

Cinto

A primeira linha de defesa é a “verdade” (Ef 6.14). O termo significa ter a mente livre de fingimento e falsidade. Satanás depende de mentiras e engano. “Cingir-nos com a verdade” é a proteção forte contra a hipocrisia.

Couraça

Um soldado romano vestia uma couraça para proteger seu coração e seus órgãos vitais. Um cristão precisa vestir a “couraça da justiça” (Ef 6.14b). Satanás é um acusador, que aponta constantemente a falta de merecimento dos seguidores de Cristo (Ap 12.10). Essa tática pode ser extremamente desencorajadora.
Porém, Cristo tratou das acusações contra nós concedendo-nos Sua justiça: “Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus” (2 Co 5.21). Assim, não há necessidade de desespero: “Pois, se o nosso coração nos acusar, certamente, 

Deus é maior do que o nosso coração e conhece todas as coisas” (1 Jo 3.20).
Permitindo que Deus nos torne “conformes à imagem de Seu Filho” (Rm 8.29), Sua santidade é revelada em nossa vida na forma de uma defesa forte e diária; e podemos nos revestir “do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade” (Ef 4.24).

Calçado

Sandálias robustas e com cravos nas solas davam uma base confiável ao guerreiro. Em superfícies lisas, porém, elas eram perigosas por falta de boa tração. Os seguidores de Cristo obtêm a segurança de um fundamento confiável através do Evangelho da paz: Jesus Cristo morreu por nossos pecados, foi sepultado, ressurgiu ao terceiro dia, e foi visto por muitos (1 Co 15.3-6). O inimigo quer muito fazer você deslizar, com programas e doutrinas falsas. Os crentes precisam tomar cuidado para não escorregarem em suas emboscadas. A Boa Nova de Cristo é a única base sólida para firmar-se.

Escudo

Um soldado da infantaria romana nunca ia à batalha sem seu escudo. Geralmente ele era grande e retangular, com uma leve curvatura nos lados para a proteção corporal.
As Escrituras nos contam que Satanás atira constantemente “dardos inflamados” na forma de muitas tentações. O propósito principal de embraçar “sempre o escudo da fé” é apagar os seus dardos (Ef 6.16). Um escudo romano também servia para encaixar-se com outros escudos, para criar uma eficiente “formação tartaruga” na batalha. A junção de escudos da fé com outros crentes cria uma defesa formidável contra os assaltos espirituais (Sl 37.40).

Capacete

O capacete também era bem projetado. Ele tinha uma aba traseira para proteger a nuca de qualquer golpe. As abas de cada lado protegiam a face, e a da frente protegia contra pancadas direcionadas à cabeça ou à face. Obviamente, esse equipamento era vital.
“capacete da salvação” aponta para nossa “esperança de salvação” (1 Ts 5.8). A palavra esperança significa “expectativa alegre e segura da libertação eterna”. O Maligno procura golpear nossas cabeças para plantar nelas sementes de dúvida e desespero. Entretanto, o capacete dos crentes verdadeiros está firmemente posicionado.

 Primeiro, a fé na obra consumada na cruz garante a salvação da pena do pecado (2 Tm 1.9). Segundo, andando pela fé no Senhor, temos salvação do poder do pecado (Fp 2.12-13). E, finalmente, podemos aguardar nossa futura salvação da presença do pecado : “Aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo” (Tt 2.13).

Espada

“Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração” (Hb 4.12).

Na cintura de cada soldado romano estava pendurada sua arma principal: o gladius. Esta era uma espada relativamente curta, afiada nos dois gumes. Em mãos de guerreiros treinados, ela era mortal. A espada dos crentes é a Bíblia. De fato, foi apenas a Palavra que Jesus usou com eficiência contra o ataque de Satanás no deserto (Mt 4.1-11).
Quando estudada e aplicada, a Palavra de Deus é a defesa máxima contra os artifícios do Maligno. Falar a Palavra com autoridade é a melhor ofensiva para arrasar a fortaleza de Satanás (Is 49.2).

Ataques Sorrateiros

Satanás procura nos intimidar com o seu rosnar feroz. Precisamos ter a perspectiva de Cristo no conflito.
Os leões de Tsavo espreitavam e aproximavam-se silenciosamente de suas vítimas. O terrível rugido vinha depois que suas vítimas estavam acuadas ou mortas. Satanás também é persistente e silencioso. Ele não alerta os filhos de Deus a respeito da sua presença. Porém, quando consegue enganar sua vítima, através do pecado, ele ruge com satisfação. 

Portanto, um cristão que se protege adequadamente deve estar alerta em todo o tempo “com toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito e para isto vigiando com toda perseverança e súplica por todos os santos” (Ef 6.18).

A Perspectiva Correta

Os leões de Tsavo eram aterrorizantes. Do nariz à cauda eles mediam cerca de três metros. Patterson escreveu que eles tentavam assustá-lo com um olhar irritado em sua direção, mostrando seus dentes e rangendo-os furiosamente.
Satanás também procura nos intimidar com o seu rosnar feroz. Precisamos ter a perspectiva de Cristo no conflito. Satanás não é igual a Deus. Como é um ser criado, ele tem limitações (Ez 28.12-19). Ele é poderoso, mas não é todo-poderoso (Ap 12.8; 20.2). Ele não pode estar em todos os lugares ao mesmo tempo (não é onipresente). Em vez disso, ele governa sobre demônios subordinados que andam pelo mundo, obedecendo às suas ordens (Mt 12.24; Ef 6.12). Ele também não tem a onisciência de Deus (1 Cr 28.9). Ele não sabe de todas as coisas.

Conseqüentemente, embora o Diabo seja um antagonista furioso, ele não deve nos aterrorizar. Ele não é páreo para Cristo, que já providenciou nossa vitória através do poder do Seu sangue derramado (Ap 12.11). Somente em Cristo há libertação do poder de Satanás (At 26.18; Cl 1.13). Cristo, que vive naqueles que verdadeiramente nasceram de novo, é maior que Satanás (1 Jo 4.4).
John Henry Patterson finalmente acabou com seus leões. Eles estão em exibição no Field Museum em Chicago, Illinois (EUA). Ainda agora, ao olhar para eles, seus olhos escuros e inertes evocam terror. Contudo, eles estão mortos e não podem ferir ninguém. Um dia o Diabo será lançado na escuridão eterna do Lago de Fogo, para nunca mais atormentar os fiéis (Ap 20.10).

Até aquele dia, não importa quantas dificuldades e provações passemos na vida, podemos estar seguros de que temos a armadura necessária para enfrentar o “leão” e para sermos mais que vencedores. Além do mais, nada pode nos separar do amor de Deus, que está em Jesus Cristo, nosso Senhor (Rm 8.37-39).

A Origem e Queda de Satanás

Na história do Universo nunca houve – nem haverá – traição maior. A criatura que representava a mais magnificente obra de seu Criador ressentiu-se de que sua glória era apenas emprestada, de que o papel que lhe estava destinado era o de tão somente refletir a infinita majestade do Deus que lhe deu o fôlego da vida. Dessa maneira, nasceu no coração de Lúcifer – e, em última análise, no recém-criado universo moral – o desprezível impulso da rebelião. Esse impulso originou a insurreição angélica que foi a mais terrível sedição na história em todos os tempos.

Uma questão preliminar

Por mais importante e original que tenha sido essa rebelião angélica, as Escrituras não incluem um registro específico do evento. No Antigo Testamento, Satanás aparece pela primeira vez no relato da queda de Adão (Gn 3). Ali, no entanto, ele  era o tentador caído que seduziu os primeiros seres humanos ao pecado. Dessa forma, já no início das Escrituras, a queda de Satanás é tratada como fato. Mas, por razões que não são esclarecidas em nenhum lugar, o próprio relato de sua queda está ausente nesse registro.

Ainda assim, o evento é lembrado duas vezes nos escritos dos profetas: por Isaías, em meio a uma inspirada diatribe contra a Babilônia (Is 14.11-23), e, mais tarde, por Ezequiel, quando ele repreende duramente o rei de Tiro (Ez 28.11-19). Essas duas passagens contam-nos a maior parte do que sabemos sobre a queda de Satanás.
Entretanto, aqui temos algumas dificuldades exegéticas. Em ambas as passagens, a menção da rebelião de Lúcifer aparece abruptamente num contexto que não trata, especificamente, de Satanás. Esse fato levou muitos estudiosos da Bíblia a rejeitar a idéia de que as passagens se referem a uma rebelião luciferiana e a insistir que elas focalizam exclusivamente os governantes humanos das nações pagãs às quais são dirigidas.

Apesar disso, é preferível entender que Isaías e Ezequiel propositalmente queriam levar os leitores para além dos crimes de reis humanos, guiando-os até a percepção do grande arquétipo do mal e da rebelião, o próprio Satanás. Essas passagens incluem descrições que, mesmo levando em conta a inclinação ao exagero por parte de governantes da Antiguidade, não poderiam ser atribuídas a qualquer ser humano. O emprego da primeira pessoa do singular (por exemplo: “Eu subirei...”; “exaltarei o meu trono...”; “me assentarei...”) em Isaías 14.13-14 refletiria um nível de ostentação indicativo de insanidade, caso fosse proferido por um mero ser humano, mesmo em se tratando de um dos monarcas pagãos babilônicos, que a si mesmos divinizavam. E qual rei de Tiro poderia ser descrito como “cheio de sabedoria e formosura... Perfeito... nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado...” (Ez 28.12,15)?

Além disso, a Bíblia ensina explicitamente que a perversidade do mundo visível é influenciada e animada por um domínio povoado por espíritos caídos, invisíveis (Dn 10.12-13; Ef 6.12), e que, em sua campanha traiçoeira e condenável de frustrar os propósitos do Deus verdadeiro, esses espíritos maus são dirigidos por Satanás, o “deus deste século” (2 Co 4.4).
Nos tempos primitivos da Terra após a queda, os rebeldes de Babel estavam determinados a construir “uma cidade e uma torre cujo tope chegue até aos céus” (Gn 11.4).
É característico dos escritores bíblicos fazer a conexão entre o mundo visível e o invisível, e isso de forma tão abrupta que pega o leitor momentaneamente desprevenido. Quando Pedro expressou seu horror ante o pensamento da morte de Jesus, o Senhor lhe respondeu “Arreda, Satanás!” (Mt 16.23; cf. 4.8-10). 

De forma semelhante, repentinamente e sem aviso, o profeta Daniel pula de uma descrição profética sobre Antíoco Epifânio (Dn 11.3-35) para uma descrição similar do Anticristo dos tempos do fim (Dn 11.36-45). Antíoco, governante selêucida no período intertestamentário, precede o vilão maior que conturbará a terra nos últimos dias. Um salto abrupto e não-anunciado do mundo político ganancioso, auto-engrandecedor, visível, para o drama arquetípico que se desenrola num mundo invisível aos seres humanos – mas que, apesar de não ser visto, deu origem às atitudes denunciadas nessas passagens –, tal salto não está fora de lugar nas Escrituras.

Finalmente, por trás das conexões feitas nessas duas passagens pode muito bem estar um tema que freqüentemente retorna nas Escrituras. Nos tempos primitivos da Terra após a queda, os rebeldes de Babel estavam determinados a construir “uma cidade e uma torre” (Gn 11.4). A cidade era um centro de atividade comercial, enquanto a torre representava o ponto focal do culto pagão. Essa dupla caracterização do cosmo como expressão de egoísmo (o espírito ganancioso do comercialismo não-santificado) e de rebelião (a busca por ídolos) ressoa ao longo de toda a Palavra de Deus, chegando a um clímax em Apocalipse 17-18, onde anjos que se mantiveram fiéis a Deus anunciam a tão esperada e muito merecida destruição da Babilônia religiosa e comercial.

É instrutivo notar que enquanto todo o trecho de Ezequiel 26-28 repreende severamente a Tiro – o mais importante centro de comércio e de riqueza nos dias desse profeta – Isaías 14 denuncia Babilônia, que representa o centro da falsa religião ao longo de toda a Escritura. Talvez essa caracterização do cosmo caído como “cidade e torre” – tão importante naquilo que a Escritura afirma em relação ao mundo em rebelião contra Deus – ajude a explicar o salto dado pelos profetas nas passagens que consideramos. Quando contemplavam a cultura de seu tempo, que incorporava perfeitamente um elemento do cosmo caído, cada um deles se sentiu compelido pelo Espírito superintendente de Deus a focalizar a rebelião angélica dos tempos primitivos, a qual animava a rebelião humana que estavam denunciando.

Dessa forma, essas duas críticas severas, que identificam os espíritos perversos de cobiça inescrupulosa e rebelião espiritual, ajudam a explicar por que tais espíritos predominam tantas vezes ao longo da história humana. Os textos referidos, ao mesmo tempo, também antecipam a destruição profeticamente narrada em Apocalipse 17 e 18.

A linhagem de Satanás

De Isaías 14 e Ezequiel 28 emerge um quadro relativamente extenso de Satanás antes de sua rebelião.
Lúcifer: essa palavra vem de uma raiz hebraica que significa “brilhar”, sendo usada unicamente como título para referir-se à estrela de maior brilho e cujo resplendor mais resiste ao nascimento do Sol.

Sua pessoa: Ele foi o ser mais exaltado de toda a criação (Ez 28.13,15), a mais grandiosa das obras de Deus, um ser celestial radiante, que refletia da maneira mais perfeita o esplendor de seu Criador. Assim, ele apropriadamente era chamado de Lúcifer. Essa palavra vem de uma raiz hebraica que significa “brilhar”, sendo usada unicamente como título para referir-se à estrela de maior brilho e cujo resplendor mais resiste ao nascimento do Sol. O nome Lúcifer tornou-se amplamente usado como título para Satanás antes de sua rebelião porque é o equivalente latino dessa palavra. Na realidade, é difícil saber com certeza se o termo foi empregado com o sentido de nome próprio ou de expressão descritiva.

Seu lugar: Ezequiel afirmou que esse anjo exaltado estava“no Éden, jardim de Deus” (Ez 28.13). Aqui, a referência não é ao Éden terreno que Satanás invadiu para tentar a humanidade, mas à sala do trono em que Deus habita em absoluta majestade e perfeita pureza (veja Is 6; Ez 1). Ezequiel 28 também chama esse lugar de “monte santo de Deus”, onde Lúcifer andava “no brilho das pedras” (v. 14).Essas descrições não são apropriadas ao Éden terreno, mas adequadas à sala do trono de Deus, conforme representações em outros lugares da Escritura.

Sua posição: Satanás é denominado “querubim da guarda ungido” (Ez 28.14). Querubins representam a mais alta graduação da autoridade angélica, sendo seu papel guardar simbolicamente o trono de Deus (compare os querubins esculpidos flanqueando a arca da aliança – o trono de Javé – no Tabernáculo ou Templo, Êx 25.18-22; Hb 9.5; cf. Gn 3.24; Ez 10.1-22). Lúcifer foi ungido (consagrado) por sentença deliberada de Deus (Ez 28.14: “te estabeleci”) para a tarefa indizivelmente santa de guardar o trono do todo-glorioso Criador. Ele é descrito como sendo dotado de beleza inigualável, vestido de luz radiante, equipado com sabedoria e capacidade ilimitadas, mas também criado com o poder de tomar decisões morais reais. Portanto, a obrigação moral mais básica de Satanás era a de permanecer leal a Deus, de lembrar sempre que, independentemente de quão elevada fosse a sua posição, seu estado era o de um ser criado.

A queda de Satanás

Neste ponto, encontramo-nos diante de um dos mais profundos mistérios do universo moral, conforme revelado nas Escrituras: “Como é que o pecado entrou no universo?” Está claro que a entrada do pecado tem conexão com a rebelião de Satanás. Mas, como foi que o impulso perverso surgiu no coração de alguém criado por um Deus perfeitamente santo? Diante de tal enigma, temos de reconhecer que as coisas encobertas de fato pertencem a Deus; as reveladas, no entanto, pertencem a nós (Dt 29.29). E três dessas realidades claramente reveladas merecem ser enfatizadas:

Primeiro: a queda de Lúcifer foi resultado de sua insondável e pervertida determinação de usurpar a glória que pertence unicamente a Deus. Esse fato é explicitado em uma série de cinco afirmações que empregam verbos na primeira pessoa do singular, conforme registradas em Isaías 14.13-14. Nisto consiste a essência do pecado: o desejo e a determinação de viver como se a criatura fosse mais importante que o Criador.
Lúcifer andava “no brilho das pedras” (Ez 28.14). Essa descrição refere-se à sala do trono de Deus, conforme representações em outros lugares da Escritura.
Segundo: Satanás é inteira e exclusivamente responsável por sua escolha perversa. Nisso existe uma dimensão inescrutável. Alguns têm argumentado que Deus deve ter Sua parcela de responsabilidade por este (e todo outro) crime, porque, caso fosse de Seu desejo, poderia ter criado um mundo em que tal rebelião fosse impossível. Outros dizem que, se Deus tivesse criado um mundo em que apenas se pudesse fazer o que o seu Criador quisesse, nele não poderiam ser incluídos agentes morais feitos à imagem de Deus, dotados da capacidade de tomar decisões reais – e, conseqüentemente, de escolher adorar e amar a Deus. Há verdade nessa observação, mas também há mistério. O relato deixa claro que o orgulho fez com que Lúcifer caísse numa terrível armadilha (Is 14.13-14; Ez 28.17; cf. 1 Tm 3.6), mas nada explica como tal orgulho de perdição pode surgir no coração de uma criatura de Deus não caída e perfeita.

No entanto, não há mistério quanto ao fato de que Satanás é, totalmente e com justiça, responsável pelo seu crime. Ezequiel 28.15 afirma explicitamente que Lúcifer era perfeito desde o dia em que foi criado, “até que se achou iniqüidade em ti”. A culpabilidade moral é dele, e apenas dele. Na verdade, em toda sua extensão, a Bíblia afirma que Deus governa soberanamente o universo moral e controla todas as coisas – inclusive a maldade de homens e anjos – para que correspondam aos seus perfeitos propósitos. Mas ela também ensina que Deus não deve e não será responsabilizado por essa maldade, em qualquer sentido.

Finalmente, por causa de sua rebelião, Satanás tornou-se o arquiinimigo de Deus e de tudo o que é divino. Sua queda – bem como a dos espíritos que se uniram a ele – é irreversível; não há esperança de redenção. Satanás foi privado da comunhão com o Deus santo de forma final e irrecuperável. Para ser exato, Satanás ainda tem acesso à sala judicial do trono do Universo por causa de seu papel de acusador dos irmãos, papel este que lhe foi designado divinamente (Jó 1 e 2; Zc 3; Lc 22.31; Ap 12.10). Tal acesso, no entanto, é destituído da comunhão com Deus ou da Sua aceitação. Devido à sua traição, que foi a mais terrível na história do cosmo, Satanás e seus anjos somente podem esperar a condenação e a punição eternas (Mt 25.41).

 (Douglas Bookman - Israel My Glory -http://www.chamada.com.br)

A religião na futura civilização global

Religião Global
Uma visão de mundo comum entre as religiões asiáticas e as originárias do Oriente Médio, que poderia servir como fundamento para trazer maior paz à aldeia global pluralista, ainda não existe.
Arno Froese
Li na revista "The Futurist":
O centro de qualquer civilização é sua cultura, e o cerne da cultura é a religião. Mais do que qualquer outro fator, a religião infunde na cultura um senso de percepção da realidade no mais amplo sentido da palavra, oferecendo explicações sobre as origens do Universo e dando significado à história e ao lugar que a humanidade ocupa nela. A religião define a natureza do bem e do mal e cria imagens de recompensa e punição na vida após a morte.
Não há uma religião dominante entre as 6,5 bilhões de pessoas que vivem atualmente na terra. No presente, a população global é dividida numa variedade de culturas originárias de múltiplas raízes religiosas. Apesar das centenas de religiões que existem em todo o mundo, aproximadamente 75% da população do planeta segue somente cinco das mais influentes religiões em termos de impacto global: cristianismo (2,1 bilhões), islã (1,3 bilhões), hinduísmo (900 milhões), budismo (360-376 milhões) e judaísmo (14-20 milhões). O cristianismo e o islã são encontrados em mais regiões do que todas as demais religiões. Juntos, eles englobam mais da metade da população mundial. Acrescente o hinduísmo, e duas dentre cada três pessoas no mundo pertencem a apenas três grandes tradições espirituais. Claramente, a religião é uma das maiores forças a impulsionar o futuro.
Isso significa que o processo de globalização, movido por forças tecnológicas, econômicas e políticas, tem que se integrar e enraizar nas diversas culturas do mundo. Como a religião se encontra no coração da cultura, isso sugere que o mundo fragmentado de religiões diversas, que permaneceu latente mas reemergiu no final da Guerra Fria, produzirá uma aldeia global fragmentada durante o século XXI, a não ser que as comunidades religiosas encontrem um caminho para avançar além dos seus antagonismos históricos. Como isso poderá ser feito?
Qualquer um que pesquisar as religiões mundiais em busca de uma base comum encontrará, cedo ou tarde, visões de mundo praticamente irreconciliáveis. As suposições contrastantes que as religiões asiáticas e abraâmicas fazem a respeito da realidade final – que Deus e o Universo são um (hinduísmo) ou que Deus e o Universo são separados (cristianismo e islã), que há múltiplos deuses (hinduísmo e xintoísmo), que Deus não existe (budismo) – impedem a possibilidade de uma síntese conceitual.
Resumindo, uma visão de mundo comum entre as religiões asiáticas e as originárias do Oriente Médio, que poderia servir como fundamento para trazer maior paz à aldeia global pluralista, ainda não existe. Se bem que tal visão de mundo comum poderá emergir em algum momento futuro, essa possibilidade continua tendo baixa probabilidade de realização. (The Futurist, 10/2006, p. 30)
Reproduzimos apenas uma parte desse artigo que foi publicado na revista The Futurist para mostrar que a religião é divisiva. Fundamentalmente, as religiões têm conceitos e visões de mundo. Percebemos que esses estudos indicam o claro desejo de reconciliação em nível terreno por parte do ser humano. Portanto, o autor do artigo pergunta com razão: “ Como isso poderá ser feito?” De acordo com as profecias bíblicas, a unidade mundial, particularmente religiosa, será alcançada em nível econômico. A respeito, temos de ler Apocalipse 18.3: “Pois todas as nações têm bebido do vinho do furor da sua prostituição. Com ela se prostituíram os reis da terra. Também os mercadores da terra se enriqueceram à custa da sua luxúria”. Esse versículo refere-se ao engano religioso, revelado nas palavras “vinho” e “prostituição”, e a economia global, “os mercadores da terra [que] se enriqueceram à custa da sua luxúria”. Em outras palavras: a economia global forçará a união das religiões. Sem dúvida, o “igrejismo” (o cristianismo nominal), a maior religião e fatia populacional mais próspera, será o fator dominante.
O budismo e o hinduísmo já penetraram efetivamente no “igrejismo” através da yoga, das artes marciais e de várias formas de meditação. Neste momento, o maior obstáculo parece ser o islã, apesar dessa religião, aparentemente, apresentar pontos comuns com o cristianismo e o judaísmo.
O autor do artigo citado prossegue em seu texto: “Até 2025, o exclusivismo aumentará. Entre 2025 e 2050, o pluralismo o substituirá gradualmente”. É claro que o período indicado é puramente especulativo, mas o pluralismo está definitivamente na moda e, no final, vai alcançar todo o globo, levando ao cumprimento de Apocalipse 13.8: “e adorá-la-ão [a besta] todos os que habitam sobre a terra...” 

(Arno Froese - http://www.chamada.com.br)


A PREGAÇÃO APOSTÓLICA - Harry L. Poe

           As várias epístolas no NT apre­sentam a coleção de ensinamentos dos apóstolos, mas apenas o livro de Atos registra a pregação deles. Quan­do falavam em público, os apóstolos voltavam sua mensagem para os não convertidos- Eles destacavam o evan­gelho de Jesus Cristo e pregavam a conversão. Os apóstolos reservavam sua instrução doutrinária e ética para a igreja (At 2.42).
Em Atos temos relatos mais lon­gos apenas das pregações de Pedro, Paulo e Estevão, mas elas trazem o conceito de evangelho aceito em ter­mos gerais. A mesma mensagem bá­sica do evangelho aparece nos regis­tros completos das pregações. Onde há apenas um comentário sobre uma pregação, ele costuma destacar um dos elementos essenciais do evan­gelho que havia nas mensagens com­pletas.
Pedro pregou cinco sermões grandes em Atos: do lado de fora da casa onde o Espírito Santo veio sobre a Igreja (2.14-40), no pórtico de Salo­mão (3.11-26), perante as auto­ridades e anciãos do povo (4.8-12), diante do Sinédrio (5.29-32) e diante de Cornélio e seus convidados (10.34-43).
Paulo pronunciou diversos ser­mões em Atos, mas apenas três cons­tam de forma mais substancial: em Antioquia da Pisídia (13.16-41), em Atenas (17.22-31) e perante Agripa (26.2-23). Além desses, porém, temos comentários breves de outras pre­gações: em Damasco (9.20), em Listra (14.15-17), em Tessalônica (17.2-3), em Corinto (18.5) e em Éfeso (19-14;20.21).
Atos igualmente faz referência ao conteúdo da pregação de Estevão (7.1-56), Filipe (8.5,12, 35) e Apolo (18.28). Em outras passagens, Atos menciona apenas que os apóstolos pregavam apalavra. Contudo, por causa da coerência da mensagem nas primeiras passagens, podemos concluir que, quando eles pre­gavam a palavra, estavam proclamando o evangelho de Jesus Cristo.
A mensagem pregada pelos após­tolos tinha em comum vários elementos essenciais:
1)  Eles proclamavam que as Escri­turas haviam se cumprido. Com coe­rência, eles provavam que Jesus era o Cristo, de acordo com as Escrituras e não em contradição com elas. Sua men­sagem de salvação dava continuidade a tudo o que Deus estivera fazendo para salvar as pessoas desde a criação. Eles não estavam apresentando uma nova religião, mas o clímax de tudo o que Deus prometera.
2) O cumprimento veio na pessoa de Jesus, que eles proclamavam como Messias ou Cristo: Filho de Davi e Filho de Deus.
3) A salvação veio pela morte, sepultamento e ressurreição de Jesus, que subiu para a direita de Deus, de onde virá novamente para julgar o mundo.
4) A salvação consiste no perdão dos pecados e na dádiva do Espírito Santo. Quando o pecado é retirado o Espírito Santo entra na pessoa, ela recebe a vida eterna.
5) A reação apropriada a esse evangelho é marcada pelo arrepen­dimento em relação a Deus e pela fé no Senhor Jesus. Os crentes torna­vam pública essa reação por meio do batismo.
Quando os apóstolos levavam a mensagem para além dos judeus, precisavam fazer um embasamento da mensagem, mas isso era desne­cessário nos casos em que as pes­soas já possuíam as mesmas pres­suposições teológicas. Em Listra e Atenas, Paulo teve de começar apre­sentando Deus como Criador (14.15-17; 17.22-31).
Em Jerusalém, Pedro pôde falar aos judeus sobre Jesus como Senhor, título sagrado entre os judeus. Os gentios usavam o termo "Senhor" de modo muito vago.
Para expressar o mesmo título divino, Paulo referiu-se a Cristo como o Filho de Deus. Pedro não explicou a relação entre a morte de Cristo e o perdão dos pecados. A lei judaica deixava claro que a expiação resultava do sacrifício com derramamento de sangue; Pedro não precisava ex­plicar isso. Para os gentios. Porém, Paulo explicou a relação que havia e que Cristo morreu por nossos peca­dos, principalmente em suas cartas (lCol5-3).

FONTE: Manual Bíblico Vida Nova – David S. Dockery

IGREJA

I. SIGNIFICADO
Em português o vocábulo "igreja" se deriva, do latimecclesia, que por sua vez do grego ekklesia, palavra esta que no NT, na maior parte de suas ocorrências, significa uma congregaçãlocal de cristãos, e jamais um edifício. Ainda que freqüentemente falemos sobre essas congrega­ções em sentido coletivo, chamando-as de igre­ja do NT ou de igreja primitiva, nenhum escritor do NT emprega o termo ekklesia nesse sentido. Ekklesia era uma reunião ou assembléia. Seu emprego mais comum era a respeito da assem­bléia pública de cidadãos devidamente convo­cados, e que era característica de todas as cida­des fora da Judéia onde o evangelho foi im­plantado (p.ex., At 19.39). O termo ekklesia também foi usado entre os judeus (na LXX) para significar a "congregação de Israel", que foi constituída no Sinai e se reunia na presença do Senhor porocasião das festividades anuais nas pessoas de seus representantes masculinos (At 7.38). Quer o uso cristão deekklesia tenha sido adotado pela primeira vez segunda o em­prego gentio ou o emprego judaico  o ponto continua sendo disputado  certamente era subentendida "reunião" e não "organização" ou "sociedade". Localidade era essencial ao seu caráter. A ekklesia local não era reputada como parte de alguma ekklesia de âmbito mundial, o que teria sido uma contradição de termos. A referência nos melhores textos de At 9.31 à igreja "por toda a Judéia, Galiléia e Samaria" nãé uma exceção. Visto que esse versículo conclui a descrição geral da dispersão da igreja de Jerusalém (8.1), parece correto considerar que ekklesia neste caso se refere à igreja de Jerusalém espalhada de tal modo a ocupar o território da "antiga eclesia que tinha sede na totalidade da terra de Israel" (Hort, The Christian Ecdesia, p. 46).
Apesar de que podia haver tantas igrejas quan­tas eram as cidades ou até mesmo os lares, o NT, contudo, reconhece apenas uma ekklesia sem encontrar necessidade de explicar a relação entre a única e as muitas. A única não era um amálga­ma ou federação formada pelas muitas. Era umarealidade "celeste", pertencente nãà forma deste mundo, mas antes, à dimensão da glória da ressurreição onde Cristo estáexaltado à mãdireita de Deus (Ef 1.20-23; Hb 2.12; 12.23).Entretanto, visto que a ekklesia local se reunia em nome de Cristo e tinha ele em seu meio (Mt 18.20), a mesma prova dos poderes da era vindoura e era a primícia daquela ekklesiaescatológica. Assim é que a igreja local individual é chamada de "igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue" (At 20.28; cf. 1Co 1.2; 1Pe 5.2; 1Co 12.27).
II. A IGREJA DE JERUSALÉM
No sentido cristão, a igreja apareceu pela primeira vez em Jerusalém, após a ascensão de Jesus. Compunha-se predominantemente de um grupo de discípulos galileus de Jesus, juntamente com aqueles que corresponderam à pregação dos apóstolos em Jerusalém. Apesar de que, julgando por Atos, a nova comunidade não começou a usar imediatamente o termoekklesia para descrever a si mesma, via-se como o remanescente eleito de Israel, destinado a encontrar a salvação em Sião (Jl 2.32; At 2.17s.), bem como o tabernáculo restaurado de Davi, que o próprio Jesus prometera reedificar (At 15.16; Mt 16.18). Jerusalém, portanto, tornou-se a localidade divinamente apontada para aqueles que aguardavam a "restauração de todas as cousas" (At 3.21). Externamente, o grupo de crentes batizados tinha o caráter de seita (gr., haeresis) dentro do judaísmo. Foi mesmo chamada de "seita dos nazarenos" (At 24.5) por certo orador profissional (cf. At 28.22), enquanto seus próprios aderentes cha­mavam sua fé distintiva de "o caminho". Foi mais ou menos tolerada pelo judaísmo durante os trinta anos difíceis de sua vida na Judéia, exceto quando as autoridades judaicas ficaram perturbadas com sua fraternização com igrejas gentias no estrangeiro. Mas o caráter essencialmente judaico da igreja de Jerusalém deve ser observado. Seus membros aceitavam as obrigações da lei e da adoração no templo. Sua crença distintiva era que Jesus deNazaré era o Messias, e que o próprio Deus comprovara isso ressuscitando-o dentre os mortos, após haver ele sofrido pela redenção de Israel, e que o "grande e terrível dia do Senhor" estava realmente próximo e culminaria numa manifes­tação final do Messias por meio de julgamento e glória. Suas práticas distintivas incluíam batis­mo em nome de Jesus, freqüência regular à instrução fornecida pelos apóstolos, e "comu­nhão" em bases familiares, o que é descrito por Lucas como "no partir do pão e nas orações" (At 2,41-46). A primeira liderança da igreja se compôs dos doze apóstolos (galileus), especial­mente Pedro e João, mas logo cedeu lugar à liderança dos anciãos, na maneira judaica regu­lar, tendo Tiago, irmão do Senhor, como presi­dente (Gl 2.9; At 15.65.). A presidência de Tia­go se prolongou durante a maior parte da his­tória da igreja em Jerusalém, talvez mesmo des­de a terceira década (Gl 1.19; cf. At 12.17) até sua execução, em c. 62 d.C. É bem possível que essa situação estivesse mais ligada aos conceitos messiânicos da igreja. "O Trono de Davi" era uma esperança muito mais literal entre os cren­tes judeus do que comumente percebemos, e Tiago também pertencia "à casa eà linhagem de Davi". Será que ele não seria reputado como legítimo protetor ou príncipe regente depen­dendo do retorno pessoal do Messias? Eusébio relata que certo primo de Jesus, Simeão, filho de Clopas, substituiu Tiago como presidente, e que Vespasiano, após a captura de Jerusalém, em 70 d.C, segundo se diz, ordenou fosse feita pesquisa a respeito de todos quantos fos­sem da família de Davi, e que não fosse deixado vivo entre os judeus quem quer que pertences­se à família real (EH, iii. 11,12).
A igreja se expandiu (At 21.20) e passou até a incluir sacerdotes e fariseus em sua membresia (6.7; 1 5.5). Logo noinício tambéincluiu muitos helenistas, isto é, judeus da dispersão que falavam o grego, e que tinham chegado como peregrinos para assistirem às festividades, ou que por qualquer motivo estavam habitando em Jerusalém. Tais judeus freqüentemente eram mais ricos do que os da própria Jerusalém, e demonstravam piedade trazendo "esmolas à suanação" (cf. At 24.17). Quando a igreja adotou a prática do sustento mútuo, um benfeitor típico foi o cipriota Barnabé (At 4.34-37), e quando se tornou necessária uma comissão para administrar alívio, os sete nomeados, a julgar pelos seus nomes, também eram helenistas (6.5).
Aparentemente foi por meio desse elemento helenista que o evangelho se propagou para além dos estreitos limites do cristianismo judeu e criou raízes novas em territórios estrangeiros. Estevão, um dos sete, entrou em debate com elementos da sinagoga helenista de Jerusalém (da qual possivelmente Saulo de Tarso era membro) e foi acusado perante o Sinédrio de haver blasfemado contra o templo e contra a lei mosaica. Sua defesa certamente demonstra uma atitude liberal para com a inviolabilidade do templo, e a perseguição que se seguiu à sua morte, talvez tenha sido orientado contra essa espécie de tendência entre os crentes helenistas, e não tanto contra o cristianismo obediente à Lei dos apóstolos, os quais permaneceram em Jerusalém enquanto os demais foram "dispersos pelas regiões da Judéia e Samaria". Filipe, outro dos sete, levou o evangelho à Samaria e, depois de ter batizado o eunuco etíope perto da antiga cidade filistéia de Gaza, saiu pregando pelas cidades costeiras até que chegou à cidade de Cesaréia, de população proeminentemente pagã, onde pouco depois o apóstolo Pedro se encontrou administrando o batismo a gentios incircuncisos. Significativamente, foram elemen­tos helenistas que partiram de Jerusalém para Antioquia, onde pregaram aos gentios sem apresentar qualquer estipulação sobre a lei mosaica. Após Estêvão, parece que o elemento helenista da igreja de Jerusalém desapareceu, passando a prevalecer seu caráter judaico. Alguns dos seus membros desaprovavam a prática de oferecer o evangelho aos gentios sem exigir-lhes a necessidade de guardarem a lei, e saíram a impôr seu ponto de vista sobre as igrejas novas (At 15.1; G! 2: 12; 6,125,). Oficialmente, entretanto, a igreja de Jerusalém deu suaaprovação não só à missão de Filipe em Samaria e ao batismo de Cornélio em Cesaréia, mas tambéà orientação da nova igreja de Antioquia e de seus missionários. Em c. 49 d.C. a igreja em Jerusalém foi formalmente interrogada sobre o que deveria ser exigido daqueles que "dentre os gentios, se convertem a Deus". E ficou determinado que, enquanto os crentes judeus, naturalmente, deveriam continuar circuncidando seus filhos e observando a lei, tais requerimentos não deviam ser impostos sobre os crentes dentre os gentios, ainda que destes últimos devia ser solicitado que fizessem certas concessões aos escrúpulos judaicos, o que facilitaria a comu­nhão de mesas entre os dois grupos, e que observassem a lei concernente àpureza sexual (At 15.20,29; 21.21-25). Tais procedimentos refletem a primazia de Jerusalém em questões de fé e moral. De fato, durante toda aquela primeira geração, ela era "a igreja"por exce­lência (v. At 18.22, onde a igreja de Jerusalém está em vista). Isso também pode ser notado na atitude de Paulo (Gl 1.13; Fp 3.6), a qual ele tentou transmitir às igrejas que fundou (Rm15.27). Sua visita final a Jerusalém, em c. 57 d.C., foi um reconhecimento a essa primazia espiritual. Foi saudado por "Tiago, e todos os presbíteros", e relembrado que os muitos mem­bros da igreja eram todos "zelosos da lei". Toda a sua cautela, todavia, não foi suficiente para salvá-lo da suspeita de deslealdade con­tra as esperanças nacionais judaicas. Tiago, "o Justo", foi judicialmente morto por instigação do sumo sacerdote, em c. 62 d.C. Quando irrompeu a guerra contra Roma, em 66 d.C., a igreja em Jerusalém chegou ao fim. Seus mem­bros, no dizer de Eusébio, fugiram para Pela, na Transjordânia (EH, iii.5). Daí por diante divi­diram-se em dois grupos: os nazarenos que, embora guardassem a lei, tinham atitude tole­rante para com seus irmãos na fé entre os gen­tios; e os ebionitas, que herdaram o ponto de vista judaico sobre a obrigação para com a Lei. Mais tarde os cristãos incluíram os ebionitas entre os grupos heréticos.
III. A IGREJA EM ANTIOQUIA
É fácil compreender que quando a igreja em Jerusalém se descrevia como a ekklesia, isso es­tava de conformidade com suas reivindicações de ser o remanescente restaurado de Israel, a verdadeira "congregação do Senhor". O que Atos não explica écomo, imediatamente fora do território de Israel, viesse a aparecer um gru­po misto de judeus e gentios que também foi chamado de "ekklesia de Antioquia" (v. At 13.1). No entanto, assim sucedeu. Antioquia, e não Jerusalém, era o modelo da "nova igreja", a qual deveria aparecer por todo o mundo. Esta foi fundada por judeus helenistas, Ali os cren­tes foram pela primeira vez apelidados de christianoi, "homens-de-Cristo", por seus vizinhos gentios (At 11.26). Antioquia tornou-se o tram­polim para a expansão do evangelho por todo o Oriente. A figura chave a princípio foi Barnabé, que possivelmente também era helenista, ainda que gozasse da plena confiança dos líde­res da igreja de Jerusalém, os quais o enviaram para fazer investigação. Ele aparece pela primei­ra vez entre os "profetas e mestres", que, até onde sabemos, eram os únicos funcionários existentes naquela igreja. Barnabé trouxe Saulo, o fariseu convertido, desde Tarso - um inte­ressante solvente para o fermento! Barnabé tam­bém liderou duas expedições missionárias à sua própria terra natal, Chipre, enquanto em com­panhia de Paulo fez a primeira incursão na Ásia Menor. Havia elos importantes entre Jerusalém e Antioquia. Profetas de Jerusalém subiam e ministravam em Antioquia (At 11.27), confor­me fez o próprio Pedro e os enviados por Tiago (Gl 2.11,12), para não mencionarmos os visi­tantes farisaicos de At 15.1. Por sua vez, Antio­quia expressava a sua comunhão com Jerusa­lém enviando alívio em tempos de fome (At 11.29), e posteriormente apelou para Jeru­salém para que a igreja daliprovesse solução para a controvérsia legal. A liderança profética na igreja de Antioquia incluía um africano cha­mado Simeão, Lúcio de Cirene, e um membro do séquito de Herodes Antipas. O autor de Atos tem sido reputado nativo de Antioquia (nos prólogos anti-marcionitas). Porém, a maior fama da igreja em Antioquia é que a mesma "recomendou" Barnabé e Saulo "àgraça de Deus para a obra que haviam já cumprido" (At 14.26).
IV. IGREJAS PAULINAS
Apesar do fato claro que Barnabé e Paulo não foram osúnicos missionários cristãos da primeira geração, praticamente nada sabemos acerca dos trabalhos dos demais missionários, incluindo os próprios doze apóstolos. Paulo, entretanto, afirmou ter pregado o evangelho "desde Jerusalém e circunvizinhanças, até ao Ilírico" (Rm 15.19), e sabemos que ele fundou igrejas segundo o padrão estabelecido em Antioquia, nas províncias sulistas da Ásia Menor, na Macedônia, na Grécia e na Ásia Ocidental, onde fez de Éfeso a sua base, e, por inferência da epístola a Tito, também em Creta. Se real­mente fundou igrejas na Espanha (Rm 15.24), não sabemos. Por onde ia, fazia das cidades o seu centro, de onde ele (ou seus associados) atingiam outras cidades da província (At 19.10; Cl 1.7). Sempre que possível, a sinagoga judai­ca servia de ponto inicial, onde Paulo pregava como rabino enquanto lhe fosse dada essa oportunidade. Com o tempo, entretanto, uma ekklesia separada essa palavra deve ter assu­mido algumas vezes o sabor desynagoge (cf. Tg 2.2)  composta de judeus convertidos egentios, vinha a existir, e cada qual dessas igre­jas locais contava com seus próprios anciãos apontados pelo apóstolo ou seu delegado den­tre os crentes maduros responsáveis. O lar desempenha um papel importante no desenvolvi­mento dessas igrejas (v. FAMÍLIA). O AT traduzi­do para o grego era aEscritura sagrada de todas essas igrejas, e a chave de sua interpreta­ção era indicada em certas passagens seleciona­das juntamente com um sumário claramente definido sobre o próprio evangelho (1Co 15.1-4). Outras "tradições" concernentes ao ministé­rio e aos ensinos de Jesus, eram entregues em cada igreja (1Co 11.2, 23-25; 7.17; 11.16; 2Ts 2.15), com padrões fixos de instruçãética referentes às obrigações sociais e políticas. Nãse sabe quem batizava ou presidia regularmen­te à ceia do Senhor, ainda que ambas essas ordenanças fossem observadas. Quão freqüen­tementeou em que dias as igrejas se reuniam tambéé ponto ignorado, ainda que uma reu­nião para o partir do pão, no primeiro dia da semana, à noite, seja comprovada em Trôade (At 20.7). O primeiro dia não podia ser obser­vado como se fosse um sábado, entretanto, visto que não era considerado dia santo, e tam­bém Paulo não forneceu regras obrigatórias sobre a observância de dias santificados ao Se­nhor (Rm 14.5). Os membros judeus devem ter observado muitos costumes no que não eram acompanhados por seus irmãos gentios. A evi­dência mais completa sobre o que acontecia quan­do a igreja se reunia, fica em 1Co 11-14. Nãhavia ligações organizacionais entre as igrejas fundadas por Paulo, ainda que houvesse afini­dades naturais entre as igrejas de uma mesma província (Cl 4.15,16; 1Ts 4.10). Esperava-se que todas se submetessem à autoridade de Paulo em questões de fé, mas tal autoridade era espiritual e admoestativa, e não coerciva (2Co 10.8; 13.10,. A administração local e a disciplina era autônoma (2Co 2.5-10). Nenhuma congregação local pos­suía autoridade sobre as demais, embora todas reconhecessem Jerusalém como a origem das "bênçãos espirituais" (Rm 15.27), pois a coleta para os santos pobres de Jerusalém foi um reco­nhecimento sobre isso.
V. OUTRAS IGREJAS
A origem das outras igrejas mencionadas no NT é questão de inferência. Havia uma igreja bem estabelecida em Roma, com membros gen­tios e judeus, por volta de 56 d.C, quando Paulo escreveu sua epístola aos Romanos. Esta­vam presentes no dia de Pentecoste "romanos que aqui residem, tanto judeus como prosélitos" (At 2.10,11), e entre as saudações de Rm 16, hámenção de dois indivíduos, Andrônico e Júnias, "os quais são notáveis entre os apóstolos", parentes de Paulo que foramcon­vertidos ao cristianismo antes dele. Será isso uma referência que os cumprimenta por terem levado o evangelho a Roma? "Irmãos" vieram ao encontro de Paulo e seus companheiros, quando se dirigiam a Roma; mas nossoconhecimento sobre a igreja dali, sua membrezia e seu estado, éproblemático (v. ROMA).
O endereço da primeira epístola de Pedro demonstra que havia um grupo de igrejas espalhadas ao longo da costa sul do mar Negro e pelo interior ("Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia") compostas ou por judeus ou por judeus-gentios. Essas foram às regiões por onde Paulo foi impedido de entrar (At 16.6,7), o que talvez implique no fato que talvez tenham sido acena da fundação lançada por outro homem, talvez o próprio Pedro. Quanto às próprias igrejas nada aprendemos de distintivo pela citada epístola. Tanto a supervisão como a responsabi­lidade de "alimentar o rebanho" em cada um desses lugares eram exercidas por anciãos (1Pe 5.1,2).
Isso exaure nosso conhecimento sobre a fundação de igrejas particulares nos tempos neotestamentários. Em Apocalipse emerge um pouco mais sobre as igrejas da Ásia Ocidental. Pensa-se que igrejas certamente devem ter sidofundadas pelo menos em Alexandria e na Mesopotâmia, se não até mesmo mais para o oriente, dentro do primeiro século, mas quanto a isso não existe evidência segura.
Sobre a vida e a organização das igrejas em geral sabemos bem pouco, exceto no caso de Jerusalém, que não foi típico. Porém, o que sabemos nos torna confiantes no fato que sua unidade dependia do próprio evange­lho, da aceitação das Escrituras do AT e do reconhecimento de Jesus como "Senhor e Cristo". Diferenças quanto à organização, às formas de ministério, aos moldes de pensa­mento, e aos níveis de realizações morais e espi­rituais, provavelmente eram maiores do que percebemos comumente. Nenhuma igreja do NT, nem todas as igrejas conjuntamente — embora não formassem elas unidade visível — exercem qualquer autoridade sobre nossa féde hoje em dia. Essa autoridade divina pertence exclusivamente ao evangelho apostólico, sen­do contido na totalidade das Escrituras.

Fonte: D. W. B. Robinson - Novo Dicionário da Bíblia.